26 de abril de 2007

Vaca suíça

Um poema do catalão Pere Quart (1899-1986), paródia do poema "A vaca cega", de Joan Maragall. Não pude evitar o "mala leche", em espanhol mesmo, no último verso, primeiro porque não existe uma expressão equivalente em português, e segundo porque a expressão em espanhol nos soa mais familiar do que qualquer outra muleta que se colocasse no lugar. Destaque também para o "barafusta" no terceiro verso, que foi a melhor solução que encontrei por ora.


VACA SUÍÇA

Quando me envolvo numa causa justa
sou um Guilherme Tell, áspera e encrenqueira:
faço, e está feito. Vão à barafusta
vocês e o balde e o banco de madeira!

Meu sangue não sustenta a criança fraca
nem se mistura com um café decente.
Não são vocês quem deve a uma vaca
apalpar, nem um anjo descendente.

Mas ainda lhes resta a indefesa
cabra, que sempre teve alma de escravo.
A mim ninguém ordenha, nem com reza.
Tenho chifres e avanço como um bravo.

E já saibam! Por vales e penhascos
mugirei o desígnio que me safa,
e não esperem desviar-me os cascos
com a iguaria de uma mão de alfafa.

Eu mesma, se não fosse o que me entrega,
a tudo narraria com deleite.
Noutros tempos havia a vaca cega:
eu sou a vaca de la mala leche!

Trad. Fábio Aristimunho


O original:

VACA SUÏSSA

Quan jo m'embranco en una causa justa
com En Tell sóc adusta i arrogant:
prou, s'ha acabat! Aneu al botavant
vós i galleda i tamboret de fusta!

La meva sang no peix la noia flaca
ni s'amistança amb el cafè pudent.
Vós no sou qui per grapejar una vaca,
ni un àngel que baixés expressament.

Encara us resta la indefensa cabra,
que sempre ha tingut ànima d'esclau.
A mi em muny ni qui s'acosti amb sabre!
Tinc banyes i escometo com un brau.

Doncs, ja ho sabeu! He pres el determini,
l'he bramulat per comes i fondals,
i no espereu que me'n desencamini
la llepolia d'un manat d'alfals.

Que jo mateixa, si no fos tan llega,
en lletra clara contaria el fet.
Temps era temps hi hagué una vaca cega:
jo sóc la vaca de la mala llet!

Pere Quart


22 de abril de 2007

Mais um poema catalão

Autor: Juan de Timoneda (1490?-1583). In Cancionero llamado Flor de Enamorados.

Senhoras: assim que entrado,
......não faz uma hora,
meu coração foi roubado
......de uma senhora.

Só entrei neste sarau
......pois confundido:
entrei bem e saio mal,
......de amor ferido.
Por mais que entrasse alertado,
......já a esta hora
meu coração foi roubado
......de uma senhora.

Entrei eu sem qualquer dor
......que bem me importe,
saio ferido de amor,
......só por má sorte.
E por quem fui destratado
......é bailadora:
meu coração foi roubado
......de uma senhora.

É a donzela mais charmosa
......entre as donzelas;
discreta, humana, formosa,
......bela entre as belas.
Pois, donzela, eis-me afogado,
......sou teu agora.
Meu coração foi roubado
......de uma senhora.

Trad. Fábio Aristimunho


O original:

Senyores: des que só entrat,
......no ha una hora,
ja el meu cor trobe robat
......d’una senyora.

Só entrat en aquest ball
......per mon delit:
entrí sa i eixiré mal
......d’amor ferit.
Per bé que entrí reposat,
......en esta hora
ja el meu cor trobe robat
......d’una senyora.

Entrí io sense dolor
......ni cosa alguna,
i eixiré ferit d’amor,
......per ma fortuna;
i la qui m’ha mal tractat
......és balladora:
ja el meu cor trobe robat
......d’una senyora.

És donzella molt galana
......entre donzelles;
és discreta i molt humana,
......bella entre belles.
Puix donzella m’ha nafrat
......i m’enamora,
ja el meu cor trobe robat
......d’una senyora.

Juan de Timoneda


19 de abril de 2007

Palíndromos - produção recente

A ira, vejo hoje, varia.

Lati pacas à capital.

Tal astronauta atua no RT, sala T.

Saída? Honre! Dá cada caderno há dias...

Livraria: sair ar vil.

Aja? Hoje vejo: haja!

Oi, fase de desafio!

Pagode do GAP.

O padre?! Meu, que estúpido! Fêmea?! É, me fodi... Puts, e eu? Que merda, pô!

Amarga, não grama, amargo anagrama!

Lar? Omo? Nada! - Dano moral.

A clausura: lar usual cá.

Roda tu, PM, o computador.

A ira tupi: putaria.

Só para ti, de Mao Tsé destoam. Editar após.

O tráfego foge farto.

Oi, Paralelepípedo! Pode *pi* Pelé larápio?

Lá, minarete. Éter animal!

A ira: ter cesárea. Era secretária.

A imota "gato mia".

¡La renego yo, general!

13 de abril de 2007

Piadas palindrômicas

TUCANARAM A BALANÇA

- Como você está gordo!
- Gordo não!
- E por que a roupa não serve?
- Evadi de medida, vê?


*


D.R.

O moço pergunta pra moça:
- Quem é que conhece
o teu ponto G?
E a moça responde pro moço:
- Meu G?! Ninguém!


*


RISO INTERROMPIDO

- O que é um pontinho roxo...
E antes que a piada termine:
- Uva jedi? Déjà-vu...


4 de abril de 2007

Lançamento (oficial) do Casulo 5

debate na Biblioteca Alceu Amoroso Lima

colaboradores do Casulo: Fábio Aristimunho, Andréa Catropa, Victor Del Franco, Sandra Siccone, Ana Rüsche, Renan Nuernberger, Eduardo Lacerda, Diniz Gonçalves Júnior.

Comemoração do Casulo

Sábado, 24/2: comemoração do prêmio do Casulo: 15 mil do VAI!

só alegria

geral

ana quati

detalhe para o quadro