29 de novembro de 2007

Às vezes é necessário e forçoso

Um poema de Salvador Espriu (1913-1985).


A vegades és necessari i forçós
que un home mori per un poble,
però mai no ha de morir tot un poble
per un home sol:
recorda sempre això, Sepharad.
Fes que siguin segurs els ponts del diàleg
i mira de comprendre i estimar
les raons i les parles diverses dels teus fills.
Que la pluja caigui a poc a poc en els sembrats
i l’aire passi com una estesa mà
suau i molt benigna damunt els amples camps.
Que Sepharad visqui eternament
en l’ordre i en la pau, en el treball,
en la difícil i merescuda
llibertat.


...Salvador Espriu
...in La pell de brau, 1960


A tradução:

Às vezes é necessário e forçoso
que um homem morra por um povo,
mas jamais terá de morrer todo um povo
por um só homem:
sempre se lembre disso, Sepharad.
Faça que sejam seguras as pontes do diálogo
e busque compreender e adivinhar
as razões e as dizeres diversos dos teus filhos.
Que a chuva caia aos poucos na plantação
e o ar passe como uma mão estendida,
suave e benigna sobre os amplos campos.
Que Sepharad viva eternamente
na ordem e na paz, no trabalho,
na difícil e merecida
liberdade.


...Salvador Espriu
...in ‘A pele de bravo’, 1960
...Trad. Fábio Aristimunho



N.T.: Sepharad (verso 5º) é uma toponímia bíblica de localização incerta, modernamente identificada com a Península Ibérica. Sepharad também designa a Espanha no hebreu moderno.

A LÍNGUA BASCA: DIFERENTE E UNIVERSAL

Existe uma língua na Europa que luta para sobreviver, provando para si mesma e para o seu entorno sócio-cultural que é válida para a comunicação intercultural em um mundo cada vez mais globalizado e difícil. É uma língua que, além disso, está presente em inúmeros lares de todo o mundo, com grande implantação na América Latina e na América do Norte. Trata-se de uma língua cujas raízes os estudiosos ainda não encontraram, e que durante séculos produziu rios de literatura, favorável e contrária, sem motivo aparente para que seus detratores assim procedam.

Trata-se da língua basca – o euskara – que, sendo falada por não mais do que um milhão de pessoas em todo o mundo, gozou e goza do sentimento de apoio de muitíssimas mais. Almas que vêem nessa língua o testemunho milenar de um povo que, situado em um pequenino solar europeu, luta para mostrar ao mundo que toda ação em busca da diferenciação é positiva, sempre que feita a partir do ponto de vista da solidariedade e da integração, e nunca da imposição. Algo que, ademais, dificilmente a língua basca conseguiria, se a lei quisesse impô-la em virtude de sua debilidade crônica.

Não se trata de atacar seus perseguidores, o que também se poderia, mas sim de reivindicar para o euskara um lugar no contexto internacional, junto ao espanhol, inglês, francês, guarani, chinês, quéchua, navajo e todas as demais línguas do mundo. O idioma basco é testemunho vivo da psiquê de um povo ancestral, cujas raízes se perdem na noite da historia. Quando uma língua se deprecia, se está depreciando a própria civilização, a riqueza cultural. É uma grande falha na trama da humanidade, a produzida pelos que, amparados na razão que dá a força, injuriam e desdenham dos que apenas podem usar a força da razão.

A língua basca, falada por milhares de americanos desde o Canadá até o Cone Sul, necessita de apoios internacionais, como o que a cada ano recebe no seu dia comemorativo, 3 de dezembro. A Sociedade de Estudos Bascos (www.eusko-ikaskuntza.org) realiza de 15 de novembro a 3 de dezembro uma campanha mundial a favor da língua basca, motivo de orgulho de um pequeno povo europeu que deu origem, há séculos, a modos de vida distantes geograficamente, mostrando que se pode ser diferente a partir da universalidade.

JOSEMARI VELEZ DE MENDIZABAL
Escritor e Acadêmico Correspondente da Real Academia da Língua Basca

(Tradução: Fábio Aristimunho)

26 de novembro de 2007

Sarau da Consciência Negra

Livros (e amigos) que ficaram do Tordesilhas

Tenho tanto a dizer sobre o Tordesilhas, e tanto para ler depois dele, que mal sei por onde começar. Decidi começar organizando minhas leituras pendentes dos amigos que já foram mas que de alguma forma ficaram.

Livros de amigos que vieram para incrementar minha pequena biblioteca:


DÍAZ GIL, Javier. Hallazgo de la visión. Piedrabuena: Colección Yedra, 2000. IV Premio de Poesía “Nicolás del Hierro”.

DIEGUES, Douglas. La camaleoa. Asunción: Yiyi Jambo, 2007.

Entretanto. Revista de literatura. Ano I, número 1, 2007.

HUAPAYA, Giancarlo. Polisexual. Lima: Hipocampo, 2007.

IGERABIDE, Juan Kruz. También las verdade mueren. Irun: Alga, 2004.

______. Milu isila / Martillo silencioso. Edición bilingüe euskera/español.
Madrid: Palas Atenea, 2004.

______. Hosto gorri, hosto berde / Hoja roja, hoja verde / Feuille rouge, feuille verte. Edición trilingüe euskera/español/francés. Madrid: Palas Atenea, 2005.

IGLESIAS, Silvia. Cuerpos perfectos. Neuquén: Limón, 2006.

MUSSÓ, Luis Carlos. Tiniebla de esplendor. Quito: CCE, 2006. Premio Nacional de Poesía Jorge Carrera Andrade 2006.

MUSSÓ, Luis Carlos et. al. Porque nuestro es el exilio: poesía. Quito: Eskeletra, 2006.

NAVARRO, Joan. Magrana. València: Brosquil, 2004.

______. Bardissa de foc. Barcelona: Del Mall, 1981.

______. Tria personal: 1973 – 1987. València: Edicions de la Guerra, 1992.

______. Sauvage! Edition bilingue français/catalan. Caminel: Les Noeud des Miroirs, 2007.

______. Drumcondra. València: 3i4, 1991.

NEIRA, Elizabeth. ABYECTA: (express). Buenos Aires: Re-Cabeza, 2005.

______. El soliloquio de la reina. Rosario: Junco y Capulí, 2005.


Livros gentilmente presenteados pelos amigos Juan Kruz e Joan Navarro:


- Literatura basca:

ALDEKOA, Iñaki. Historia de la literatura vasca. Donostia: Erein, 2004.

BILLELABEITIA, Miren M.; KORTAZAR, Jon (Ed. y Trad.). Euskal baladak eta kantu herrikoiak / Baladas y canciones tradicionales vascas. Edición bilingüe euskera/español. Madrid: Palas Atenea, 2002.

LIZARDI, Xabier (José María Aguirre). Biotz begietan / En el corazón y en los ojos. Edición bilingüe. [S.l.]: La Navarra, [s.d.].


- Literatura catalã:

Ausiàs Marc / Joan Fuster. Antologia poètica. València, 3i4, 2001.

BROSSA, Joan. Els ulls de l’òliba. València: 3i4, 1982.

CASTELLET, J. M.; MOLAS, J. (Orgs.). Antologia general de la poesia catalana. Barcelona: Edicions 62, 2000.

FOIX, J. V. On he deixat les claus... Barcelona: Quaderns Crema, 2006.

PAPASSEIT, Joan Salvat; PÒRCEL, Bartomeu Rosselló; TORRES, Màrius. Poesia. Barcelona: Edicions 62, [1995?].

SERRA, Jean. Convocat silenci. [València?]: 3i4, 2003.

Lançamento: Jornal de Literatura O Casulo n. 7



A edição 7 do jornal de literatura contemporânea O Casulo, que contou com o apoio do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo) nos dois últimos números, será lançado dia 1º de dezembro na Casa das Rosas (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura), a partir de 19h.

O lançamento é um dos marcos da reabertura da Casa das Rosas como pólo literário da cidade, após a exposição CAD Brasil (Casa Arte & Design), que se encerrou em outubro deste ano.

Haverá também leitura de poemas, inclusive com a participação dos alunos de ensino médio da rede pública, vencedores do concurso literário Saia do Casulo.

Conheça mais sobre a história da publicação em release anexado a esta mensagem, e confira também o convite do lançamento.

Abaixo, prévia do conteúdo de O Casulo número 7:

Poemas
de Alberto Pucheu (RJ)
de Ana Elisa Ribeiro (MG)
de Lígia Dabul (RJ)

Tradução
de poemas do norte-americano Bill Knott, por Reuben da Cunha (MA)

Conheça
a história de Roberta Maria da Conceição e Severino Manoel de Souza, que criaram a Biblioteca Comunitária Prestes Maia. E saiba o que eles fazem, onde vivem e o que aconteceu com a biblioteca depois da desocupação do Edifício Prestes Maia, no centro de São Paulo.

Resultado do Concurso Saia do Casulo
confira os textos premiados de alunos de Ensino Médio da rede pública

Arte da capa e ilustrações
de Angelina Camelo (MG)

Mais ilustrações
de 2 em 1 digital - Rafael Agra & Andrea Pedro (SP)


No mesmo dia será oferecida na Casa das Rosas a oficina "Poesia brasileira contemporânea e o exílio na especificidade" por Andréa Catrópa, uma das editoras do jornal.


Lançamento jornal O Casulo – literatura contemporânea – número 7 - com leitura e participação dos ganhadores do Concurso Saia do Casulo
Casa das Rosas (Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura)
Avenida Paulista, 37 – próximo à estação Brigadeiro do Metrô
Dia 1º de dezembro – a partir das 19h
Ainda no dia 1º, oficina de poesia (por Andréa Catrópa) - das 10h às 14h30 - 20 vagas
Telefone: (11) 3288-9447
http://o-casulo.blogspot.com
http://www.casadasrosas.sp.gov .br
Todas as atividades são gratuitas

22 de novembro de 2007

Rave Cultural na Casa das Rosas

RAVE CULTURAL – 3 ANOS DE ESPAÇO HAROLDO DE CAMPOS
Dias 8 e 9 de dezembro de 2007

PROGRAMAÇÃO
DIA 8 - Sábado

14h – MARRAGONI - Recriação sobre o texto original de Bertolt Brecht e Kurt Weill, a peça conta e canta a história de Paulo Pimenta, lenhador da Amazônia que chega em Marragoni, a cidade-arapuca dos nossos sonhos e ilusões.
Baseado no texto Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, de Bertolt Brecht.
Adaptação: Núcleo Arruaça!
Direção: Ana Roxo.

16h – Inauguração da visitação à Biblioteca Haroldo de Campos e do novo site da Casa das Rosas. Apresentação da exposição “Da Bibliocasa” - Livros do acervo Haroldo de Campos escolhidos pelo Professor e Tradutor Trajano Vieira, especialista na literatura grega, que colaborou na tradução que Haroldo fez da Ilíada, de Homero. Na seqüência haverá depoimentos sobre a Casa das Rosas com a participação dos ex-diretores do espaço.

17h – Desconcertos - a voz da prosa no aquecimento para a II RAVE CULTURAL, com leituras dos escritores Marcelino Freire e Paulo de Tarso. Curadoria de Claudinei Vieira, que criou este projeto na Casa das Rosas há três anos, tendo trazido para nosso espaço mais de 30 novos prosadores desde então.

18h - Choro – Com um repertório formado por ícones da MPB, como Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Chico Buarque, além de grandes nomes do samba como Cartola, Noel Rosa e Geraldo Pereira, integrantes da Banda do Canil da Usp se juntam aos músicos do grupo Coisa Linda de Deus para formar o quinteto que promete agitar o início da noite de sábado.
Henrique Gomide (piano e escaleta), Zé Motta (vocais), João Fideles (percussão), Gustavo Angimahtz (violão) e Lucas Nobile (cavaquinho).

19h – Saraus da Casa das Rosas – 1. Chama Poética. A agitadora cultural Fernanda de Almeida Prado convida os poetas Antônio Lázaro de Almeida Prado e Cássio Junqueira para declamarem poemas com o tema “Alegria”. Além disso, o sarau conta com a presença do grupo No mesmo barco, e dos músicos Ozias Stafuzza, Mariana Avena, Neno Miranda, Aurora Maciel e Cristina Pini.

20h – Alice Ruiz e Rogéria Holtz – No Show Música e Poesia de Alice Ruiz são apresentadas composições musicais da poeta com diversos parceiros, como Alzira Espíndola, Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção, Rogéria Holtz, Zé Miguel Wisnik e Waltel Branco. Entre as músicas, Alice Ruiz apresenta também seus poemas. Rogéria Holtz é a convidada que, além de parceira, está gravando, no momento o CD No País de Alice. O show é uma prévia do lançamento do CD.

21h – José Roberto Aguilar e a Banda Performática - grupo formado em 1981 que vem mostrando desde então o melhor da música de invenção e a performance multimídia.
Giba (guitarra) , Marcos (baixo), Marcelo (bateria), César Maluf (teclados), Loop B (percussão), Daniela, Gabi e Aguilar (vocais), Nelson (vídeo) e Lenira (coreógrafa).

21h – Fábio Vietnica - O VDj apresenta, na sala 1, performances de imagens e sons lounge, criando um espaço para a videoarte e a música ambiente.

22h30 – Sala 2 – CAMA DE POESIA, performance cênica criada e dirigida por José Roberto Aguilar, com a atriz Denise Passos.

23h – Saraokê – No “Saraokê”, ao invés de cantar, o público é convidado a recitar poemas com um fundo musical especialmente criado pelos músicos Gustavo Melo, Lu Horta, Paulo Padilha e Marcelo Ferretti. Esta é uma ousada e divertida experiência de improvisação coletiva. Nenhum verso sairá como chegou e nenhum poeta também.

Dia 9 – Domingo

1h - Saraus da Casa das Rosas – 2. Rascunhos Poéticos. O segundo sarau de três constantes da Casa das Rosas. Apresenta o grupo de criação poética dirigido por Carlos Savasini e Osvaldo Pastorelli.

2h – Trio Zabumbão - Forró para continuar a madrugada dançante na Casa das Rosas. Flavio Lima (Triângulo e voz), Chambinho (Acordeom) e Fabinho (Zabumba), e nos apresenta o melhor do forró madrugada a dentro.

4h – Saraus da Casa das Rosas – 3. Sarau da VACAMARELA, coletivo formado por jovens poetas, que busca divulgar as tendências da poesia contemporânea. Além de promover o debate literário FLAP, a VACAMARELA edita o jornal literário O Casulo.

5h – Pedro Osmar e amigos - apresentam o melhor da música de invenção. Com a presença de Zeh Rocha, Cauê, Rafa Barreto, Gleiziane Pinheiro e Fábio Barros.

7h – Café da manhã

Casa das Rosas - cursos de dezembro

CURSOS DE DEZEMBRO 2007

Poesia brasileira contemporânea e o exílio na especificidade
Por Andréa Catropa

Dia 1 de dezembro das 10 às 14:30
Vagas: 20
Gratuito

O objetivo desta oficina é fornecer aos participantes algumas ferramentas para sua reflexão acerca da poesia contemporânea brasileira. Para isto, faremos um breve panorama dos principais eventos da poesia moderna nacional e um detalhamento de algumas características do cenário literário, desde a década de 70 até a atualidade. Também iremos nos deter na leitura de alguns textos deste período, para que os elementos teóricos sejam confrontados com a produção poética atual.


OFICINA DE HAIKAIS
Por Alice Ruiz

Dias 12, 13 e 14 de dezembro, das 19 às 21hs
Vagas: 30
Inscrição: R$ 10,00

Essa oficina se propõe a familiarizar os participantes à técnica e prática do haikai- poesia mínima de origem japonesa, analisando e cotejando a produção de haikais japoneses e brasileiros, em conjunto, tendo assim um rápido apanhado histórico. Na parte prática, o participante inicia com exercícios de tradução passando para a criação em conjunto, e com a coordenadora, havendo espaço, é claro, para as produções individuais.

OFICINA DE NARRATIVAS BREVES
Por Marcelino Freire

Dias 12, 13 e 15 de dezembro, das 19 às 21hs, (sábado, dia 15, das 15 às 17hs)
Vagas: 30
Inscrição: R$ 10,00

O autor de “Contos Negreiros”, “Balé Ralé” e “Angu de Sangue”, dentre outros, Marcelino Freire ministrará esta oficina em que mostrará aos participantes os passos para se construir uma narrativa breve que prime pela qualidade através da forma concisa.

As inscrições devem ser feitas pessoalmente na Casa das Rosas, com Fernanda César, de segunda a sexta, das 10 às 18h.

Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37 – Bela Vista
São Paulo – SP
Tel: 3288-9447
www.casadasrosas.sp.gov.br