31 de maio de 2008

"Problema de Expressão"

O grupo Clã canta "Problema de Expressão" no Gato Fedorento, programa do canal português RTV.

"A tua língua está tão perto da minha
Mas o que eu digo está tão longe
Do que manda o Lindley Cintra..."


27 de maio de 2008

Cantiga basca: Neska ontziratua


A cantiga basca Neska ontziratua (A moça raptada), também conhecida por seu verso inicial, Brodatzen ari nintzen (Estava bordando), foi transmitida por tradição oral até o séc. XIX, quando foi por fim compilada. Aqui vai uma bela interpretação, o texto e a minha tradução, baseada na versão espanhola de Billabeitia/Kortazar.




Neska ontziratua


Brodatzen ari nintzen
ene salan jarririk
aire bat entzun nuen
itsasoko aldetik
Itsasoko aldetik
untzian kantaturik.

Brodatzea utzirik
gan nintzen amagana
hean jaliko nintzen
gibeleko leihora
gibeleko leihora
itsasoko aldera.

Bai habil, haurra, habil
erron kapitainari
jin dadin afaitera
hemen deskantsatzera
hemen deskantsatzera
salaren ikustera.

Jaun Kapitaina, amak
igortzen nau zugana
jin zaiten afaitera
hantxet deskantsatzera
hantxet deskantsatzera
salaren ikustera.

Andre gazte xarmanta
hori ezin ditekena
iphar haizea dugu
gan behar dut aintzina
ezin ilkia baitut
hauxe da ene pena.

Andre gazte xarmanta
zu sar zaite untzira
gurekin afaitera
eta deskantsatzera
hortxet deskantsatzera
salaren ikustera.

Andre gazte xarmanta
igaiten da untzira
han emaiten diote
lo belharra papora
eta untzi handian
lo dago gaixo haurra.

Jaun kapitaina, nora
deramazu zuk haurra?
Zaluxko itzulazu
hartu duzun lekura
hartu duzun lekura
aita amen gortera.

Nere mariñel ona
heda zak heda bela
bethi nahi nuena
jina zaitak aldera
ez duk hain usu
jiten zoriona eskura.

Jaun kapitaina, nora
ekarri nauzu huna?
Zalu itzul nezazu
hartu nauzun lekura
hartu nauzun lekura
aita amen gortera.

Andre gazte xarmanta
hori ezin egina
hiru ehun lekhutan
juanak gira aintzina
ene meneko zira
orain duzu orena.

Andre gazte xarmantak
hor hartzen du ezpata
bihotzetik sartzen ta
hila doa lurrera
aldiz haren arima
hegaldaka zerura!

Nere kapitain jauna
hauxe duzu malurra.
Nere mariñel ona
norat aurthiki haurra?
orat aurthiki haurra?
Hortxet itsas zolara.

Hiru ehun lekhutan
dago itsas leihorra.
Oi Ama anderea
so egizu leihora
zur’alaba gaixoa
uhinak derabila.


A moça raptada


Eu estava bordando
sentada em minha sala
quando ouvi uma canção
vinda da beira-mar
vinda da beira-mar
entoada de um barco.

Larguei o meu bordado
e fui a minha mãe
pedir para eu olhar
da janela de trás
da janela de trás
que dá vista pro mar.

Sim, pode ir, minha filha,
e diga ao capitão
que venha aqui jantar,
venha aqui descansar
venha aqui descansar
e ver nossa morada.

Senhor capitão, minha
mãe me envia para
convidá-lo a jantar,
a descansar ali
a descansar ali
e ver nossa morada.

Encantadora jovem,
não me será possível.
O vento norte sopra,
vou partir para longe,
já não posso aportar.
Tenho aqui minha pena.

Encantadora jovem,
suba a bordo do barco
para jantar conosco
e para descansar,
a descansar aqui
e ver nossa morada.

A encantadora jovem
sobe a bordo do barco.
Ao rosto lhe aproximam
uma erva sonífera
e no enorme navio
adormece a infeliz.

Senhor capitão, leva
para onde essa menina?
Leve-a já de volta
para onde a encontrou
para onde a encontrou
na terra de seus pais.

Meu caro marinheiro,
ice a vela, ice a vela.
Tudo o que sempre quis
acabou vindo a mim.
Não tenho tão amiúde
tal alegria à mão.

Ó senhor capitão,
para onde me trouxe?
Leve-me já de volta
aonde me encontrou
aonde me encontrou
na terra de meus pais.

Encantadora jovem,
já não posso fazê-lo.
De lá nos afastamos
umas trezentas léguas.
Está em meu poder,
chegou a sua hora.

A encantadora jovem
pega a espada, trespassa
o próprio coração
e o seu corpo cai morto
no chão; já a sua alma
vai voando para o céu.

Meu senhor capitão,
mas que enorme tragédia!
Meu caro marinheiro,
onde a atiraremos?
onde a atiraremos?
No fundo do oceano.

Estende-se em trezentas
léguas a beira-mar.
Ó Senhora mãe, veja
através da janela:
as ondas balançando
a tua pobre filha.

.........Trad. Fábio Aristimunho Vargas