14 de maio de 2009

Fotos do lançamento no Salão Internacional do Livro

Entre os dias 1º e 10 de maio foi realizado o Salão Internacional do Livro - Foz do Iguaçu 2009. Participei do evento com o lançamento da Coleção Poesias de Espanha, no dia 4, ocasião em que fiz uma palestra sobre "Os 70 anos da Guerra Civil Espanhola e seu impacto nas literaturas galega, espanhola, catalã e basca". Eis as fotos da minha participação:



Auditório cheio

Minha mãe







Minha irmã Tania lendo Garcilaso de la Vega

Meu alunos também leram, como a Adriana

Vera, minha aluna de Filosofia, lendo Santa Teresa de Ávila

Com meus alunos de RI

Marineuza, minha aluna de Direito Internacional

Com a Ju

Com minhas alunas de Filosofia

Com a família

Professores da FAA: Patricia, eu, Lisbeth e Tania

Com Ju e minha mãe

7 de maio de 2009

Resenha no Le Monde Diplomatique Brasil

Le Monde Diplomatique Brasil, maio de 2009

FAZ-SE O CAMINHO AO ANDAR


COL. POESIAS DE ESPANHA: DAS ORIGENS À GUERRA CIVIL


Organização e tradução de Fábio Aristimunho Vargas. Hedra


O bom tradutor, assim como o melhor bailarino, é aquele que esconde a ideia de esforço e manifesta sua arte por meio da simplicidade. A nov Coleção Poesias de Espanha contém quatro volumes dessa simplicidade espantosa, divididos conforme as línguas de origem: Poesia espanhola, Poesia catalã, Poesia galega e Poesia basca – do século XII até o marco da Guerra Civil Espanhola, há 70 anos.


Uma coleção organizada com base nas principais línguas da Espanha é inédita, mesmo em castelhano, resquícios talvez da proibição feita até 1975, pelo governo de Franco, às línguas regionais. O tradutor, nascido perto de nossa tríplice fronteira e provavelmente acostumado aos falares castelhanos, guaranis e portugueses em constante tensão, aponta algumas estrelas que brilham nos céus do traçado geográfico espanhol, palmilhando novas constelações e caminhos.


Longe de qualquer monotonia, os poemas são vivos e deliciosos – desde concorridíssimos, como “La aurora” de Federico García Lorca (Aristimunho teve o gostinho de mostrar sua própria tradução) até autores fundamentais menos em voga, como Rosalía de Castro e Lauaxeta, em escolhas tocantes, como “A vaca cega”, de Joan Maragall, e surpreendentes, como a balada “A moça transformada em cervo”, que narra o triste fim da moça feiticeira, morta pelos cães do próprio irmão e servida como iguaria no jantar da família.


A seleção é acompanhada por bons prefácios, guias ortográfico e fonético, assim como notas sobre períodos literários, autores e poemas originais. A revisão é de Miguel Afonso Linhares.


O volume Poesia basca é resultado de pesquisa orientada por Jon Kortazar, catedrático da Universidade do País Basco e Poesia catalã foi premiado pelo instituto catalão Ramon Llull. Talvez dê, sim, para perceber um pouquinho do esforço do caminhante, que faz caminho ao andar.


Ana Rüsche

Escritora


4 de maio de 2009

Resenha na Gazeta do Povo

Gazeta do Povo, Caderno G
Curitiba, sábado, 2 de maio de 2009

Resgate do legado espanhol

O paranaense Fábio Aristimunho Vargas traduziu e organizou a primeira antologia das quatro línguas faladas e escritas na Espanha, do século 12 até a Guerra Civil

Publicado em 02/05/2009 | Marcio Renato dos Santos

A Guerra Civil (1936-1939) provocou fraturas, ainda não totalmente cicatrizadas, nos tecidos social e cultural da Espanha. Entre as baixas, não apenas Federico Garcia Lorca (assassinado em 1936), mas muitos outros autores. Não foram poucos os sobreviventes que tiveram de buscar no exílio a única possibilidade para continuar a vida. O fim do confronto, então, não é data para se comemorar. Ao contrário. O general Franco proibiu que se falasse, escrevesse e publicasse em basco, galego e catalão,o que provocou imenso desconforto entre as minorias do país.

Agora, sete décadas depois do encerramento da Guera Civil, um brasileiro, mais especificamente um paranaense, natural de Foz do Iguaçu, organiza a primeira antologia de poesia dos quatro idiomas que pulsam na Espanha – iniciativa inédita em âmbito mundial. Fábio Aristimunho Vargas, de 32 anos, assina a tradução e a organização de quatro títulos publicados pela editora Hedra: Poesia Espanhola, Poesia Basca, Poesia Catalã e Poesia Galega. Ele participa de um debate, que inclui sessão de autógrafos, na próxima segunda-feira, 4 de maio, às 19h30, no Salão Internacional do Livro de Foz do Iguaçu (R. Benjamin Constant – em frente à Fundação Cultural).

O projeto começou a ser esboçado durante 2002, ano em que Vargas passou temporada na Espanha – ele realizou um curso na Universidade de Salamanca. Lá, constatou que, primeiro, não havia qualquer antologia de poesia nos idiomas falados e escritos no país de Cervantes. Depois, percebeu que o conflito do século 20 seria um limite para a proposta. Daí o subtítulo da coleção: Das Origens à Guerra Civil. As poesias espanhola e catalã tiveram início no século 12. Poetas galegos são conhecidos a partir do século 13. A poesia basca, por sua vez, passou a ser produzida apenas no século 15.

Vargas procurou apresentar ao leitor um painel, o mais amplo possível: cada título tem 30 poemas, de 20 autores – o que totaliza 80 poetas (do século 12 até meados do século 20). Mas o critério foi o seu gosto pessoal. Ele também é poeta, autor do livro Medianeira. “A minha sensibilidade norteou a seleção.” Há, de fato, variedade e muitas informações relevantes. No País Basco, região situada no extremo norte da Espanha, mais do que nascer no local, para ser considerado um “nativo”, é necessário falar a língua. “Entre as línguas a tinham/ como dentre as mais pobres,/ mas agora há de ser/ de todas a mais nobre”, diz um poema, atribuído a Bernat Etxepare, de 1480, que revela a necessidade dos bascos de afirmar o idioma.

O general Franco, ditador que ficou no poder de 1939 até a década de 1970, reprimiu tanto o País Basco, que até ordenava para que fossem raspadas as inscrições em basco registradas em lápides de cemitérios. A respeito dessas nuances, e sobretudo para divulgar essa coleção, Vargas deve falar em Barcelona ainda em 2009. Por hora, de volta a Foz do Iguaçu (ele morou em São Paulo de 1995 até o ano passado), o advogado divide-se entre as demandas do seu escritório, aulas em duas faculdades e muito estudo: tem a meta de vir a ser aprovado na prova do Instituto Rio Branco e, finalmente, ingressar na escola de diplomatas.

Os quatro volumes apresentam estudos introdutórios, que são portas de entrada para entender o contexto em que foram produzidas essas manifestações poéticas. Mas, na realidade, a grande contribuição desse projeto é a disponibilização dos textos nos idiomais originais e na tradução em português – o que viabiliza ao leitor o contato direto com essas manifestações que, por meio de lirismo, tratam de questões atemporais, como amor, ódio, ciúme, morte, perseguição e vida.

Serviço:

Coleção Poesias da Espanha: Das Origens à Guerra Civil. Quatro Volumes (Poesia Espanhola, Poesia Basca, Poesia Catalã e Poesia Galega). Hedra. 150 págs (em média, por edição). Preço médio: R$ 15.

Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo / Vargas: o primeiro mapeamento, em âmbito mundial, da produção poética da Espanha
Vargas: o primeiro mapeamento, em âmbito mundial, da produção poética da Espanha


“E eu que a levei até o rio/ achando que era donzela,/ mas ela tinha marido./ Foi na noite de Santiago/ e quase por compromisso./ Apagaram-se os lampiões/ e se acenderam os grilos.”
Federico García Lorca, autor do século 20

“A alegria do amor/ que não dura,/ como no campo flores/ se perdem./ Se muito se almeja/ a um favor,/ tão logo lhe há de vir/ algum mal.”
Autor desconhecido, do século 17



Fonte: site da Gazeta do Povo.